foto Digão Duarte

quinta-feira, novembro 01, 2007

Livre Manifestação Cultural

The mirror Cassiano Pires contato: www.fotolog.com/lausac
Fui a uma interessante palestra no Ateliê de Criação Teatral, em Curitiba, 03/09/05 com o seguinte tema "Ética e Estética", a relação entre ética e estética, a ética contaminando a estética, e vice-versa. O tema foi desenvolvido em muitos aspectos: A artista plástica Carla Vendrami abordou a politização da arte e, por outro lado, a estetização da política. Ilustrou suas idéias com referências de artistas como Cildo Meireles, Hans Haacke, Ilya Kabakov, Gerard Richter e Vito Acconci. Também fez parte de sua intervenção a Arte Conceitual e os papéis dos artistas nos campos social e político. Marcos Cordiolli, historiador, levou a ética ao debate em três frentes: perspectiva histórica, política e educacional. Discute a possível relação entre ética e estética nos processos de formação e posicionamento ético do artista e sua produção. Buscou, em particular, avaliar o papel destas questões no âmbito escolar. A figurinista Amabilis de Jesus aproximou o tema mais especificamente ao teatro, levantando termos como teatro engajado, teatro didático e a ruptura com a contemplação (ilusão). O teatro como forma de educação e formação cultural também foi levado em conta pela sua participação. Aberto ao público a palavra, muito se questionou: a masturbação no palco da cantora Madonna com o crucifixo; música de heave metal que incitou o suicídio de adolescentes; peça de teatro em que os atores espancavam uma senhora de idade, também atriz da peça; fotógrafo que fotografou o próprio suicídio. A pergunta final do encontro foi: Até que ponto o artista pode ir? Quais os limites da "livre manifestação artística"?
Asseguro que a livre manisfetação deve ser defendida! A Declaração Universal dos Direitos Humanos dispõe: Art. 27, 1. Toda pessoa tem o direito a participar livremente da vida cultural da comunidade, a gozar das artes e a participar no progresso científico e dos benefícios que dele resultem.
Liberdade foi definida magistralmente por Einstein, que transcrevo ipsis verbis: "SOBRE A LIBERDADE Por Albert Einstein Sei que é inútil tentar discutir os juízos de valores fundamentais. Se alguém aprova como meta, por exemplo, a eliminação da espécie humana da face da Terra, não se pode refutar esse ponto de vista em bases racionais. Se houver porém concordância quanto a certas metas e valores, é possível discutir racionalmente os meios pelos quais esses objetivos podem ser atingidos. Indiquemos, portanto, duas metas com que certamente estarão de acordo quase todos os que lêem estas linhas. 1. Os bens instrumentais que servem para preservar a vida e a saúde de todos os seres humanos devem ser produzidos mediante o menor esforço possível de todos. 2. A satisfação de necessidades físicas é por certo a precondição indispensável de uma existência satisfatória, mas em si mesma não é suficiente. Para se realizar, os homens precisam ter também a possibilidade de desenvolver suas capacidades intelectuais artísticas sem limites restritivos, segundo suas características e aptidões pessoais. A primeira dessas duas metas exige a promoção de todo conhecimento referente às leis da natureza e dos processos sociais, isto é, a promoção de todo esforço científico. Pois o empreendimento científico é um todo natural, cujas partes se sustentam mutuamente de uma maneira que certamente ninguém pode prever. Entretanto, o progresso da ciência pressupõe a possibilidade de comunicação irrestrita de rodos os resultados e julgamentos - liberdade de expressão e ensino em todos os campos do esforço intelectual. Por liberdade, entendo condições sociais, tais que, a expressão de opiniões e afirmações sobre questões gerais e particulares do conhecimento não envolvam perigos ou graves desvantagens para seu autor. Essa liberdade de comunicação é indispensável para o desenvolvimento e a ampliação do conhecimento científico, aspecto de grande importância prática. Em primeiro lugar, ela deve ser assegurada por lei. Mas as leis por si mesmas não podem assegurar a liberdade de expressão; para que todo homem possa expor suas idéias sem ser punido, deve haver um espírito de tolerância em toda a população. Tal ideal de liberdade externa jamais poderá ser plenamente atingido, mas deve ser incansavelmente perseguido para que o pensamento científico e o pensamento filosófico, e criativo em geral, possam avançar tanto quanto possível. Para que a segunda meta, isto é, a possibilidade de desenvolvimento espiritual de todos os indivíduos, possa ser assegurada, é necessário um segundo tipo de liberdade externa. O homem não deve ser obrigado a trabalhar para suprir as necessidades da vida numa intensidade tal que não lhe restem tempo nem forças para as atividades pessoais. Sem este segundo tipo de liberdade externa, a liberdade de expressão é inútil para ele. Avanços na tecnologia tornariam possível esse tipo de liberdade, se o problema de uma divisão justa do trabalho fosse resolvido. O desenvolvimento da ciência e das atividades criativas do espírito em geral exige ainda outro tipo de liberdade, que pode ser caracterizado como liberdade interna. Trata-se daquela liberdade de espírito que consiste na independência do pensamento em face das restrições de preconceitos autoritários e sociais, bem como, da "rotinização" e do hábito irrefletidos em geral. Essa liberdade interna é um raro dom da natureza e uma valiosa meta para o indivíduo. No entanto, a comunidade pode fazer muito para favorecer essa conquista, pelo menos, deixando de interferir no desenvolvimento. As escolas, por exemplo, podem interferir no desenvolvimento da liberdade interna mediante influências autoritárias e a imposição de cargas espirituais aos jovens excessivas; por outro lado, as escolas podem favorecer essa liberdade, incentivando o pensamento independente. Só quando a liberdade externa e interna são constantes e conscienciosamente perseguidas há possibilidade de desenvolvimento e aperfeiçoamento espiritual e, portanto, de aprimorar a vida externa e interna do homem."

5 comentários:

longeviver disse...

Priscila:

Bem interessante tua mensagem. Muitas coisas polêmicas apareceram,
tais como politização da arte, papéis dos artistas nos campos social
e político, teatro engajado, teatro didático, teatro como forma de
educação e formação cultural, entre outros. Eu penso que nestes
casos a arte é instrumento para um fim, e não o fim propriamente
dito. Explico: o fazer artístico mais puro que existe é o fazer da
arte pela arte, ou seja, ela existe por si só e se basta. Porém,
assim como em determinadas situações utilizamos instrumentos
pedagógicos, políticos, etc., também utilizamos a arte como
INSTRUMENTO para obter um determinado resultado diferente de arte
pela arte, compreendes?

Esta questão de impor limites à arte já foi bastante tentada. Um de
seus maiores proclamadores era um sujeito chamado Adolf Hitler. A
arte não pode ter limites, sob pena de perder a sua essência e virar
alguma coisa qualquer que não arte. A masturbação da Madonna chocou
aos católicos, pois estes veneram o crucifixo. Será que chocaria
também uma tribo indígena? Ou aborígines australianos? Veja como é
fácil, basta descontextualizar o ato que ele se transmuta
totalmente. Outra pergunta? Os canais de TV que veicularam este ato
não estavam fazendo arte, estavam prestando um serviço. Por que
questionar a atitude dela em masturbar-se e não questionar a atitude
deles, em divulgar a masturbação?

Estas pessoas que disseram que a música levou adolescentes ao
suicídio estão utilizando uma abordagem extremamente simplória, prá
não dizer ridícula e leviana. E os outros adolescentes que cometeram
suicídio naquela cidade, naquela semana, e que não ouviam aquele
mesmo tipo de música? O que matou estas crianças foi (provavelmente)
um contexto sócio-familiar perturbado, culpar a música é muito
fácil, porque a música não se defende. Difícil mesmo é procurar e
apontar as mazelas e descuidos dos pais, dos vizinhos, dos
professores, dos governantes, enfim... de toda a sociedade na qual
aqueles adolescentes estavam inseridos.

Para finalizar, te respondo: Até que ponto o artista pode ir? Quais
os limites da "livre manifestação artística"?

Não há limites, ao mesmo tempo em que estamos permanentemente
limitados. Toda manifestação artística é reflexo de vivências
passadas e presentes. Estas vivências já são suficientementes
limitadas, não há porque querer impor limites à arte, eles já foram
impostos em sua nascente, nas vivências do artista.
Um abraço,
Moysés Lopes, Porto Alegre RS

Anônimo disse...

Oi Priscila,
Boa sorte com o teu blog. Aproveite para divulgar nosso evento:
http://curitibaliteraria.multiply.com/

Abraço!

Anônimo disse...

Parabéns pelo blog! Beijo. Edson Bueno

Anônimo disse...

oi Priscila
vi li e curti seu blog!
parabéns e sucesso pra voce!
beijão

Sampaio

Ritalix disse...

acho que, tudo que � mostrado, ou dito n�o pode apenas ser, como um grande desarranjo em nossos sentidos, procuro ter uma vis�o mais purista das coisa, acho que nosso subconsci�nte j� est� cansado de tanto estragos, se continuarmos alimenta-lo com + vis�o acida desse mundo, esqueceremos do belo, (o belo pode estar em qualquer movimento, tanto que possa-mos identifica-lo.